É possível ser intelectual lendo mulheres - Metas de leitura para 2017

Virada de ano é uma ótima época para refletir sobre o que fizemos no ano anterior e traçar novas metas para o ano que se inicia. Entre elas estão as de leituras. Em 2017, quero ler mulheres. Segue a lista:




1. Título: Primavera
Autora: Sigrid Unset
Classificação: Romance, Literatura Norueguesa.
Por quê? A autora ganho o Nobel em 1928. Sigrid era uma católica fervorosa. Ela teve uma história de vida muito marcante. Ela criou três filhos e três enteados, dos quais dois tinham problemas mentais e eram dependentes dela. Durante a Segunda Guerra, Sigrid foi contra o regime Nazista e teve que se refugiar nos EUA. Nesse período, seu filho mais velho (o único que era intelectualmente saudável) morreu em combate defendendo a Noruega do exército alemão. Sigrid não conseguiu escrever mais nada depois desse evento e faleceu em 1949. Primavera é o único livro da autora traduzido para o português (na década de 70). Eu comprei num sebo há alguns anos e está no topo da lista de leitura para 2017.




2. Título: As Origens do Totalitarismo – Antissemitismo, imperialismo, totalitarismo
Autora: Hannah Arendt
Classificação: Filosofia política
Por quê? Sou uma grande fã da filósofa política alemã Hannah Arendt, considerada a mais influente do século XX (o blog já comentou o livro Eichmann em Jerusalém da mesma autora). Segundo a Wikipédia, em As Origens do Totalitarismo:

“Arendt assemelha de forma polémica o nazismo e o stalinismo, como ideologias totalitárias, isto é, com uma explicação compreensiva da sociedade, mas também da vida individual, e mostra como a via totalitária depende da banalização do terror, da manipulação das massas, do acriticismo face à mensagem do poder. Hitler e Stalin seriam duas faces da mesma moeda, tendo alcançado o poder por terem explorado a solidão organizada das massas.”

Eu concordo muito com essa ideia e acho que é semelhante ao momento político que estamos vivendo no Brasil, onde não há esquerda ou direita, há apenas dois lados totalitaristas disputando pelo poder, em detrimento da liberdade individual e do cidadão. Vou ler a edição da Companhia das Letras em formato eletrônico.



3. Título: Diante da dor dos outros
Autora: Susan Sontag
Classificação: Filosofia política
Por quê? O título, a capa e a resenha chamaram minha atenção. Susan Sontag foi uma escritora e ativista norte-americana (1933-2004). Também lerei a edição em formato digital. Segue um trecho provocador da sinopse:

“Imagens do sofrimento são apresentadas diariamente pelos meios de comunicação. Graças à televisão e ao computador, imagens de desgraça se tornaram uma espécie de lugar-comum. Mas como a representação da crueldade nos influencia? O que provocam em nós exatamente? Estamos insensibilizados pelo bombardeio de imagens?"



4. Título:
 Saga Brasileira – A longa luta de um povo por sua moeda
Autora: Miriam Leitão
Classificação: História Econômica
Por quê? Porque eu nasci na década de 80, durante o período de mega inflação e me lembro da criação do Real, mas não tinha maturidade suficiente para entender o processo. Acredito que estamos assistindo o mesmo processo mais uma vez (de perda do valor da moeda, inflação e colapso econômico). Acredito que este seja o momento adequado para esse tipo de leitura. Também pretendo ler em formato digital.


5. Título: Como Fritar as Josefinas – A Mulher nos Bastidores da Empresa Familiar Brasileira
Autora: Yara M. Fontana
Classificação: Ensaio
Por quê? Yara era uma das herdeiras da empresa Sadia, ela assistiu a quebra do negócio de sua família sem praticamente poder fazer nada, pois, era sistematicamente impedida por outros membros. O livro trata dessa experiência. Comprei esse livro em papel, porque ele foi citado no livro Bilhões e Lágrimas – A Economia Brasileira e seus Atores



6. Título: A Imperatriz de Ferro – A Concubina que criou a China Moderna
Autora: Jung Chang
Classificação: Biografia
Por quê? A imperatriz Cixi (1835-1908) foi a mulher mais importante da História da China. O país era governado por um imperador ancião que possuía várias concubinas jovens (semelhante a nossas “amantes”, mas com status oficial). Quando o imperador morre, a concubina Cixi dá o golpe e passa a exercer o poder real na China. Ela foi a responsável por lançar os atributos de um Estado moderno, como indústrias, ferrovias, eletricidade e novos armamentos. Além de ter feito a China progredir na questão dos direitos humanos, proibindo torturas milenares e avançando na questão dos direitos da mulher. Vou ler em formato digital.




7. Título: As boas mulheres da China
Autora: Xinran
Classificação: Ensaio
Por quê? “A jornalista Xinran coletou inúmeros relatos sobre a vida da mulher chinesa contemporânea durante os oito anos em que comando o programa de rádio “Palavras na brisa noturna”, entre 1989 e 1997. Mostra a história de mulheres onde predomina a memória da humilhação e do abandono: casamentos forçados, estupros, desilusões amorosas, miséria e preconceito.” O título e os comentários chamaram minha atenção. Acho que é uma continuidade para o livro A Imperatriz de Ferro. Também lerei em formato digital.



8. Título: Livro da Vida
Autora: Santa Teresa d’Ávila
Classificação: Religião
Por quê? Santa Teresa d’Ávila é Doutora da Igreja (1515-1582). A Santa Teresa combinou uma vida contemplativa com uma vida de grande atividade. Ela era conhecida por sua personalidade forte e audaciosa. Este livro é sua autobiografia. Pretendo lê-lo no formato digital.




9. Título: A Casa dos Espíritos
Autora: Isabel Allende
Classificação: Romance, Literatura Chilena.
Por quê? É o romance mais conhecido da escritora chilena, Isabel Allende. É considerado um clássico da Literatura Latino Americana, a estória se tornou filme em 1994. Estou particularmente interessada em conhecer mais da Literatura Chilena. Também vou ler este livro em versão digital.


10. Título: Delírio
Autora: Laura Restrepo
Classificação: Romance, Literatura Colombiana
Por quê? Laura Restrepo é uma escritora colombiana que se destaca muito no cenário literário atual. Eu tenho este livro há alguns anos. Eu o lerei para conhecer melhor a autora.

Capas de várias edições do livro Fazes-me Falta em diferentes idiomas.

11. Título: Fazes-me Falta
Autora: Inês Pedrosa
Classificação: Romance, Literatura Portuguesa
Por quê? Inês Pedrosa é uma escritora e tradutora portuguesa que também se destaca no cenário mundial da Literatura. Ela ganhou duas vezes o Prêmio Máximo de Literatura (1997, 2001). Eu tenho este livro há alguns anos, quero lê-lo para conhecer melhor Inês Pedrosa.




12. Título: Fernando Pessoa – Outra Vez Te Revejo
Autora: Cleonice Berardinelli
Classificação: Ensaio
Por quê? Cleonice é uma escritora imortal da Academia Brasileira de Letras, por tanto, faz parte do Desafio Mulheres da ABL, que propõe a leitura de todas as mulheres imortais. Ela é autora mais desconhecida de todas e a mais difícil de encontrar livros. Cleonice é versada em estudos sobre a obra do poeta português Fernando Pessoa. Algumas pessoas conhecem o DVD, no qual, Cleonice e Maria Betânia leem juntas poemas do poeta português.

Vocês podem reparar que a escolha de 2017 foi pautada em um aspecto: livros relevantes cujas autoras fossem mulheres. Obviamente, não lerei apenas mulheres em 2017, mas é fundamental ler, pelo menos, os doze livros da meta. É minha pequena contribuição para ajudar a divulgar a inúmeras grandes mentes femininas. Em 2017, também priorizarei a leitura livros econômicos e de autores ibero-americano, independentemente do gênero dos autores.

Não dá para terminar este post sem falar de Ferreira Gullar (o blog já comentou o livro Antes do Golpe – Notas sobre o Processo que Culminou no Golpe Militar de 1964 de Ferreira Gullar). O poeta faleceu esta semana (veja a notícia aqui). Ele era considera o maior escritor vivo da Literatura Brasileira. Com certeza, ele nos fará imensa falta. Por isso, finalizo com uma de suas frases mais conhecidas:

“Estou na caridade da evolução do meu ser. Quero ser menina, encontro-me mulher... Quero ser mulher, vejo-me menina...”

Boa semana e boa(s) leitura(s)! 

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