CATÓLICA, CONSERVADORA, MAS SOCIALISTA E DEFENSORA DOS DIREITOS INDÍGENAS? - GABRIELA MISTRAL


“A Liberdade não é e nem deve ser uma espécie de qualidade ou de luxo que se pode possuir ou não possuir, não é isso, não.”

“A Liberdade é visivelmente uma função tão vital quanto respiração, e, quando ela falta ou desaparece, os organismos, que chamamos de cidades ou de Estados, degeneram e, às vezes, até morrem.”

“Todos recebemos honra e alegria por causa da Liberdade, porque seu bem, assim como o sol, enriquece e beneficia a todos.” 

(Gabriela Mistral, escritora chilena,
Nobel de Literatura em 1945)

AFINAL, QUEM FOI GABRIELA MISTRAL?

Essa escritora chilena nascida na pequena cidade de Vicuña em 1889 e falecida na metrópole Nova Iorque em 1957. Ela recebeu a notícia que tinha ganhado o Nobel de Literatura em 1945, enquanto estava na cidade carioca de Petrópolis. Gabriela Mistral foi a quinta mulher laureada com o Nobel de Literatura. Até hoje, ela é a única mulher latino-americana agraciada com o prêmio.

Gabriela Mistral (1889-1957)

E, ao contrário do que afirma a Wikipédia em português sobre ela, Gabriela Mistral não era feminista. Ela era radicalmente contra o feminismo. Mas, infelizmente, no Brasil, qualquer mulher que pense, tenha uma opinião e talento reconhecido é rotulada como feminista. Sinceramente, espero que também não atribuam o adjetivo feia.

CATÓLICA, CONSERVADORA, MAS SOCIALISTA E DEFENSORA DOS DIREITOS INDÍGENAS?

Mesmo se dizendo católica e defendendo pontos de vista conservadores, Gabriel Mistral também se declarava socialista convicta. Isso parece contraditório, mas, na época, não era. Para entender, a participação da Igreja Católica durante a Ditadura Civil Militar brasileira. Ao contrário do que a maioria pensa, a Igreja foi mais contrária do que apoiadora do regime, vale a pena assistir a palestra da professora Maria José Rosado para o programa Café Filosófico (a partir do minuto 11:24).



Além disso, Gabriela Mistral tinha orgulho do seu sangue indígena. O artigo Música Auracana é um tributo lindíssimo à música indígena chilena. Nesse momento, percebi que não conhecia nenhuma música indígena brasileira. Fui procurar e numa busca rápida, encontrei um álbum de 2000, chamado Ñande Reko Arandu de música guarani. E um álbum chamado Ruprestes, com destaque para a música Mawaka da cultura Kayapó. Vale a pena ouvi-la.


Se você quer saber mais sobre os povos indígenas brasileiros, vale a pena dar uma passada no site Povos Indígenas, que já foi premiado internacionalmente.  E a editora Azougue lançou no dia 12 de junho o projeto editorial Tembeté.

Coleção Tembeté da Azougue Editorial.

Esse projeto lançará mensalmente, durante um ano, um livro sobre homenageando um pensador indígena brasileiro. Entre os autores confirmados estão Ailton Krenak, Álvaro Tukano, Kaká Werá, Sônia Guajajara, Daniel Munduruku, Eliane Potiguara e Fernanda Kaigang. Saiba como adquirir, clicando aqui

Não dá para falar de música e pensamento indígena sem lembrar que hoje, no Brasil, a única CPI existente é a CPI da FUNAI/INCRA. FUNAI significa Fundação Nacional do Índio. Ela foi fundada como um órgão que visava a defender o direito indígena. Agora este órgão corre o risco de ser destruído, deixando os índios mais desamparados.

GABRIELA MISTRAL COSMOPOLITA

Gabriela Mistral morou em vários países, o que era bem incomum para uma mulher que nasceu no fim dos anos 1800s. Em um dos seus artigos, ela menciona que aprendeu na infância português, francês e italiano (além da sua língua materna, o espanhol) e lamenta o fato de não ter aprendido o inglês para que pudesse dar palestras com mais fluência nesse idioma. Gabriela morreu em Nova Iorque, então, deve ter vivido muitos anos nos EUA.

Além disso, surpresa, ela morou no Brasil. Sim, ela falava português fluentemente e morou no Rio de Janeiro por vários anos. Inclusive, quando ela recebeu a notícia que havia ganhado o Nobel, ela estava na cidade carioca de Petrópolis. Surpreende a total falta de homenagens a autora no nosso país. A única homenagem que eu já vi é o nome de uma pequena creche para filhos de militares na Praia de Água Vermelha (em frente ao Instituto Militar de Engenharia) na cidade do Rio de Janeiro. Alguém conhece outra?

Por favor, fiquem à vontade para deixar suas críticas, sugestões e comentários. Se tudo correr bem, volto de Atenas, Grécia, até o fim de semana. Na mala, para inspirar, levo a biografia do magnata grego Aristóteles Onassis escrita pelo inglês Peter Evans e alguns outros livrinhos a mais.


Boa Semana! Boas Leituras!


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