A Bíblia como inspiração para a Literatura



Muitos ganhadores do Prêmio Nobel (ateus ou não) escreveram ao menos um livro inspirado na Bíblia. 

Entre eles:
·o português José Saramago escreveu O Evangelho Segundo Jesus Cristo;

·o sueco Pär Lagerkvist escreveu Barrabás (#SuperLivro);

·o polonês Sienkiewicz escreveu Quo Vadis (sobre a vida de São Pedro) e vários contos que se passam no Império Romano durante a vida de Cristo;

·o alemão Thomas Mann escreveu José e Seus Irmãos. Vale muito a pena conferir as informações da Wikipédia sobre este livro para entender melhor a Bíblia! Thomas Mann considerava essa sua maior obra. Ele a escreveu em homenagem a sua mulher, que era judia (#Amor);

·o norte-americano John Steinbeck escreveu A Leste do Éden (#SuperLivro);

A Leste do Éden – John Steinbeck

É um livro divido em duas partes, que narra a saga da família do autor imigrando da Irlanda para os EUA e depois da Costa Leste para a Costa Oeste.
São duas gerações de dois irmãos que se odeiam. Uma forte alusão às histórias bíblicas de ódio fraterno: Caim e Abel (Gênesis 4:8), na primeira parte do livro; e a Esaú e Jacó (Gênesis 25:22-23), na segunda parte do livro. A primeira parte foi adaptada para o cinema, com o filme Corações Amargos. O ódio é tão profundo e tão forte que um irmão vai morar na Costa Oeste e o outro permanece na Costa Leste.


Na segunda parte do livro (muito melhor que a primeira!), o irmão da Costa Oeste tem dois filhos gêmeos com Cathy (para mim, a maior vilã da Literatura Universal). Ela abandona a família. Um vizinho muito religioso (o avô do autor John Steinbeck) tenta ajudar na criação dos gêmeos e acaba batizando-os com nomes bíblicos: Aaron e Caleb.
Aaron é uma homenagem ao irmão de Moisés e Caleb, uma homenagem ao servo fiel, um dos poucos hebreus que saiu do Egito e teve autorização para entrar na Terra Prometida. Praticamente todos os outros, inclusive Moisés, morreram no deserto.
Os gêmeos do livro de Steinbeck, Aaron e Caleb também se odeiam (como seu pai e seu tio) e tem personalidades muito distintas. No meio da trama, o mordomo chinês da casa deles lê a Bíblia. Ele fica tão impressionado com os dez mandamentos, principalmente com Não matarás (Timshel, em hebraico), que pesquisa a fundo com vários sábios chineses e rabinos até entender o real significado desse mandamento.
O discurso de Lee sobre o que ele entendeu do mandamento é o ápice do livro e é quase profético sobre o destino da sociedade norte-americana.
A Leste do Eden é um dos melhores livros que já li na vida. Recomendo muito sua leitura.

Enquanto isso, no Brasil...

Cabe lembrar que no Brasil também temos literatura inspirada no Velho Testamento. Machado de Assis escreveu o livro Esaú e Jacó, aludindo à mesma história bíblica. Trata de dois gêmeos que se odeiam até a morte, um representa a República e outro a Monarquia.

A Bíblia sempre serviu de inspiração para os gênios da nossa e de outras literaturas. Para entender melhor essas obras é fundamental conhecer a fonte inspiradora!

Até nosso próximo encontro!

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