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Mostrando postagens de abril, 2015

Parte III: Visconde de Taunay, um escritor feminista!

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Este post faz parte de um projeto de parceria com o blog  Literatura Brasileira , confira a Parte II acessando o link .  A Retirada de Laguna , obra conhecida de Taunay, foi originalmente escrita em francês e publicada apenas na França (talvez por medo das críticas que ela pudesse sofrer no Brasil).   É baseada nos diários do autor. Ele participou da expedição que tentou invadir o Paraguai pelo norte (a guerra foi ganha pelos combatentes que vieram pelo sul!).   O Exército era muito principiante naquela época, não havia um corpo permanente, eram todos voluntários e os combatentes eram acompanhados de suas famílias (mulheres e crianças). Eles marcharam a pé do Rio de Janeiro até o Paraguai, cruzando o Pantanal. Todos desconheciam a região, inclusive o fato de que o Pantanal é um pântano!  Foram abatidos pelos paraguaios, pelo clima, pela falta de alimento e de remédios e decidiram pela fuga desesperada (um salve-se quem puder!), em linguagem militar, uma retirada. T

Parte I: Visconde de Taunay, um escritor feminista!

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  Alfredo Maria Adriano d’Ecragnolle Taunay , ou simplesmente Visconde de Taunay , nasceu no Rio de Janeiro em 1843, filho de uma aristocrática família de origem francesa. Faleceu na mesma cidade, aos 56 anos, depois de ter sido músico, artista plástico, engenheiro militar, político, historiador, sociólogo e, sim, escritor (nas horas vagas).  Falemos hoje apenas do Taunay escritor. Ele se bacharelou em Literatura pelo Colégio Pedro II, aos 15 anos. Logo em seguida, ingressou na carreira militar, se tornou engenheiro e participou da Guerra do Paraguai. Sua carreira militar permitiu que ele conhece-se os sertões do Brasil (Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). Essa experiência contribui para as suas obras literárias (a maioria são relatos de expedição ou romances ambientados no sertão) e para sua carreira política (foi duas vezes eleito deputado pelo Estado de Goiás). Além disso, ele ajudou a criar a Academia Brasileira de Letras. As duas principais obras de Tau

Sejamos Todos Feministas de Chimamanda Ngozi Adichie

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Chimamanda Ngozi Adichie é uma proeminente escritora nigeriana. Seu primeiro romance Hibisco Roxo , publicado em 2003, recebeu o Prêmio Commonwealth Writers' como Melhor Primeiro Livro (2005). O seu segundo romance Meio sol Amarelo , publicado em 2006 foi vencedor do Orange Prize para ficções (2007).  Adichie também publicou histórias curtas e uma coletânea de poemas .   O livro Sejamos Todos Feministas trata-se de uma adaptação de uma palestra dada no TEDXEuston em uma conferência com foco na África no ano de 2012. ​ A escolha do tema feminismo se deu por ser uma questão que toca a autora em especial. Esta é uma palavra carregada de estereótipos, não é um assunto muito popular e Adichie achou que poderia começar um diálogo necessário. Sua conferência no TED já possui em torno de 2 milhões de visualizações.     A primeira vez em que a chamaram de feminista foi durante uma discussão com um amigo de infância, porém não era um elogio. Era como se dissesse: “Você apo

As Aventuras do Barão de Munchausen!

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  As Aventuras do Barão de Munchausen é um livro infanto-juvenil. O  Barão  foi um personagem real, um militar e proprietário rural alemão do século XVIII, além de grande mentiroso .  A narração de todas as suas aventuras fantasiosas foi compilada por um de seus ex-empregados (um grande vigarista, diga-se de passagem), Rudolf Erich Raspe, que publicou o livro enquanto vivia na Inglaterra.  As Aventuras do Barão são monstruosamente exageradas, incluindo duas viagens a Lua e sustentar o próprio peso puxando pelo seu rabo de cavalo.   Os leitores adultos têm reações diferentes, a maioria não se aguenta de tanto rir.  Confesso que, embora esse fosse um dos meus filmes favoritos de infância, a leitura agora me deu um pouco de sono.   Mas, ao mesmo tempo, eu me lembrei da aula espetáculo de  Ariano Suassuna , grande escritor nordestino, para TV Senado, na qual ele diz que adora a figura do mentiroso, que todo escritor, na verdade, é um mentiros0. Vale a pena assisti-la

Biblioteca da Mell

Garota de 7 anos que está arrecadando livros para montar uma biblioteca pública no interior de Alagoas. De acordo com o  blog Hypeness , a menina de 7 anos, Ana Araújo Rocha e Silva (ou só " Ana Mell ") que mora num sítio no município de Mata Grande, no interior de Alagoas, tem o sonho de montar um biblioteca pública na sua cidade.  A menina escreveu uma carta para a tia pedindo doação de livros. E os tios abraçaram a causa e montaram uma campanha para arrecadação.   Para mais informações, o  blog Razões para Acreditar  traz a mesma reportagem e o telefone dos tios da menina. Ela também tem uma página no  Facebook . Lá tem um endereço em Maceió (para onde pessoas de outros Estados podem enviar os livros doados) e um e-mail.  Nos comentários de ambos os blogs, vi muitos usuários questionando se essa campanha é séria ou seria mais uma informação falsa circulando pela internet.    A minha opinião é de que, sim, a notícia é verdadeira. Vi algumas notícias em

Ética nas Empresas

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Em 2014 visitei o Sergipe e  pude conhecer pessoalmente o poeta escritor Márcio Ferreira dos Santos . Ele gentilmente aceitou compartilhar um dos seus textos com nossos leitores. "Quando falamos de ética, vem logo à nossa mente noções e regras de conduta pré-estabelecidas socialmente, porém, devemos desmistificar essa ideia mediante a complexidade de sua aplicabilidade, pois o que é ético para uma pessoa ou uma cultura nem sempre é para outra. Como saber qual é a correta? Aí entra a ética da convicção e a ética da responsabilidade. Nem sempre elas são a mesma coisa. Nas empresas não é diferente, cada uma possui as suas próprias normas e características que tornam a ética muitas vezes conflitante, e como adaptar ao seu prisma do que é ético ao que a empresa tem como ético? Torna-se notório que essas duas percepções nem sempre se somam, e se assim o fosse seria menos complicada a sua manutenção no cerne corporativo.             Colocando na equação um país como o Brasil, on

Duas grandes perdas literárias

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 Esta semana morreram o escritor uruguaio Eduardo Galeano e o escritor alemão (Prêmio Nobel) Günter Grass .   De Eduardo Galeano, já li sua obra mais famosa,  As Veias Abertas da América Latina . É um livro com ideais de esquerda que conta a história da América Latina com o ponto de vista de que o povo latino-americano é pobre (e vítima indefesa) porque sempre foi explorado por potências estrangeiras (fortes, poderosas e más). Risada maligna.  Quando eu tinha 13 anos, uma professora de História citava a obra em todas aulas. Dez anos depois, eu li Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil . De acordo com os autores, a versão da Guerra do Paraguai que nós brasileiros aprendemos na escola  é uma distorção gerada pelo livro  As Veias Abertas da América Latina . Eles criticam o escritor uruguaio por não ser fiel aos dados.  Fiquei curiosa e tive a oportunidade de finalmente ler As Veias Abertas da América Latina . Considerando a sua fama e polêmica, o livro me frustr

Projeto InterAção - Biblioteca de Rua de Ituiutaba, MG

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   A cidade de Ituiutaba fica na região do Triângulo Mineiro e tem cerca de 100 mil habitantes. Lá eu conheci o projeto Biblioteca de Rua.  Espalhadas pela cidade, a gente encontra estantes cheias de livros e protegidas da chuva com uma capa plástica.  Qualquer pessoa pode abrir a estante e pegar quantos livros quiser.  Atualmente existem cinco estantes dessas em Ituiutaba, uma na região central e as demais em avenidas movimentas de bairros periféricos. Em cada estante há livros clássicos, infantis, técnicos e populares.    A estante fica na via pública, mas existe uma concordância do morador da casa em frente. Eu conversei com a senhora que morava em frente à estante da foto. Era uma senhora idosa que ficou muito feliz com sua participação no projeto e com o contato das pessoas que vão até lá buscar e devolver livros.  A devolução é totalmente livre, mas existe um pedido na primeira página de cada livro, para que o leitor o devolva e o faça circular pelo maior núm

Simone de Beauvoir era feminista?

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 Acabo de terminar a leitura de A Convidada de Simone de Beauvoir . Eu escuto referências positivas à esta autora desde de criança. Então minhas expectativas eram muito elevadas.   Já li dois livros dela ( A Mulher Interrompida e  A Convidada ) e os dois são péssimos. Está muito difícil escrever esse post, pois será a minha primeira crítica negativa de um livro. Para começar de modo positivo, quero enfatizar como eu consegui este livro. Foi através de um projeto de Biblioteca de Rua na cidade de Ituiutaba. São " cabines " espalhadas pela cidade, com vários livros dentro. Qualquer pessoa pode abrir a cabine e pegar quantos livros quiser. Na primeira página, o leitor encontrará esse aviso divertido pedindo que o livro continue circulando, que após lê-lo a pessoa devolva-o, mesmo que seja numa cabine diferente. Acho esse programa muito bom e falarei dele nos próximos posts.   A Convidada gira em torno de triângulos amorosos. O casal de intelectuais Françoi

A fugitiva - Anaïs Nin

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  A Fugitiva de Anaïs Nin é minha primeira leitura erótica.   Acho muito boa essa iniciativa da editora L&PM Pocket de publicar livros pequenos por R$5,00, porque ela abre as portas para conhecermos outros estilos literários.  Anaïs Nin é uma escritora erótica famosa. Ela nasceu na França, filha de uma família cosmopolita, e viveu a maior parte de sua vida nos Estados Unidos.  Suas principais obras são seus diários, que narram sua vida por mais de 4o anos. Suas narrativas foram profundamente influenciadas pelo estilo do escritor James Joyce e pelas ideias da psicanálise. Entre outras obras, destacam-se Delta de Vênus , Henry & June e Pequenos Pássaros .  Apesar de ser uma autora renomada, talvez eu não comprasse um livro extenso dela sem ter lido algo menor antes e me familiarizar com seu estilo.   A Fugitiva foi escrita sob encomenda de um cliente misterioso nos anos 40 e publicada postumamente.   O livro é composto por 3 contos eróticos: O basco

“Quer sujar-se? Suje-se gordo!” (Machado de Assis)

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  Ilustração de Elder Galvão  Machado de Assis é considerado o maior nome da literatura brasileira tendo contribuído em todos os gêneros literários. O conto “Suje-se gordo!” faz parte de sua fase realista, este foi publicado originalmente em Relíquias de Casa Velha, no ano de 1906. A narrativa aborda sobre justiça e, peculiarmente, a trama se desenrola em um Tribunal do Júri. O narrador narra de um ponto de vista observador os diferentes julgamentos de dois réus acusados do mesmo crime, porém o julgamento dado a ambos é bastante diverso. Tão diverso a ponto de fazê-lo questionar-se sobre o próprio julgamento. “Havia, entre outros documentos, uma carta de Lopes que fazia evidente o crime. Mas parece que nem todos leram com os mesmos olhos que eu. (..) A diferença da votação era tamanha que cheguei a duvidar comigo se teria acertado. Podia ser que não. Agora mesmo sinto uns repelões de consciência”  O nome do conto trata-se de uma provocação direta ao leitor “Suje-se

Estou lendo A Convidada de Simone de Beauvoir

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 Agora estou lendo A Convidada de Simone de Beauvoir , escritora francesa que já foi homenageada pelo Google.   A Convidada é o primeiro livro da autora, publicado em 1943. A estória se passa do final de 1938 ao final de 1939, ou seja,  nos meses que precedem a Segunda Guerra.   A personagem principal, Françoise, de trinta anos, reflete muitos traços autobiográficos da autora, na época com a mesma idade. Aliás, característica de todas as obras de Simone de Beauvoir.  A escritora nasceu em Paris em 9 de janeiro de 1908 numa família de classe média alta. Estudante brilhante, formou-se em Filosofia em 1929, pela Sorbonne.   Na universidade conheceu Jean Paul Sartre , que veio a se tornar seu companheiro de toda a vida, embora jamais tenham morado juntos.  Em uma livro de memórias, ela se refere ao seu encontro com Sartre como: " Foi a primeira vez em minha vida que me senti intelectualmente inferior a alguém. "  Sartre foi o principal nome do existencia