A Personalidade Neurótica de Nosso Tempo - Karen Horney

 Karen Horney foi a minha maior descoberta de 2015. Sua leitura fez com que eu me entende-se melhor e me liberta-se de alguns preconceitos. A autora é uma psicanalista que questionou várias ideias de Freud. Uma de suas principais contribuições foi sugerir que a cultura também influencia nos distúrbios psíquicos.

1. A quem se destina este livro?

 Este livro é um conjunto de impressões obtidas pela autora através de um longo estudo psicanalítico das neuroses. O livro está escrito em linguagem acessível (evitou-se o emprego de termos técnicos).

 Ele é destinado a qualquer leitor interessado e também às que têm que lidar com neuróticos (não só psiquiatras, psicólogos, mas também assistentes sociais, professores, antropólogos, sociólogos, entre outros).

 A autora é cética em dizer que este livro não ajudará o neurótico em si. Apesar de que talvez esse seja o meu caso... (risos) Foi uma leitura muito boa. 

 Entender um pouco mais de psicanálise me fez uma leitora melhor, eu ganhei profundidade maior na compreensão dos personagens. 

 Por exemplo, quando eu estava lendo O Amante pude entender os transtornos da mãe da autora através da perspectiva psicanalítica.

2.O que é neurose?

 Usamos a expressão "fulano é neurótico" de maneira generalizada. Quando queremos dizer simplesmente "fulano é esquisito". Mas a definição da autora é:

"a neurose é um distúrbio psíquico suscitado por medos e defesas contras esses medos, e por tentativas para encontrar soluções conciliatórias para tendências em conflito. Para aplicações práticas, só convém dar a este distúrbio o nome de neurose quando ele se afasta dos padrões comuns à cultura considerada."

  A pessoa neurótica é uma sofredora. Ela tem de pagar um preço muito alto por suas defesas, o que consequentemente vai gerar falta de vitalidade e atraso no desenvolvimento. Mais precisamente, as realizações de um neurótico estão sempre muito abaixo de seu potencial. 

3. Quais as causas da neurose?  

 Ansiedade.  A ansiedade é o centro motriz das neuroses. 

 O medo é uma reação proporcional ao perigo que a pessoa tem de enfrentar. A ansiedade é uma reação desproporcional ao perigo, até mesmo uma reação a um perigo imaginário (irracional).

4. Quais as causas da ansiedade neurótica? 

 

 Tanto o perigo antecipado pela ansiedade como a sensação de impotência ante ele são evocados pela força explosiva de nossos próprios impulsos.

 Mas quais impulsos? Os sexuais? Não! Os impulsos hostis reprimidos.

 Reprimir uma hostilidade significa fazer-de-conta que está tudo bem e, assim, deixar de lutar quando se deve ou, pelo menos, quando se deseja.

 Não depende de escolha, porém, uma pessoa reprimir ou controlar a hostilidade, pois a repressão é um processo reflexo. Ela ocorre se em determinada situação tornar-se intolerável para pessoa reconhecer a própria hostilidade.

 As principais razões porque a hostilidade se torna intolerável estão ligadas ao fato de podermos amar precisamente quem hostilizamos; de não querermos perceber as razões, como inveja ou vontade de domingar, que desencadearam a hostilidade; ou de poder ser assustador identificarmos em nós mesmos uma hostilidade generalizada contra qualquer pessoa.

 Isso gera um círculo vicioso de hostilidade reprimida, ansiedade, mais hostilidade, mais repressão, mais ansiedade.

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 Quer saber mais? Leia os comentários sobre a palestra Psicologia Feminina: A Necessidade Neurótica de Amor

 Até nosso próximo post sexta-feira.