COMO DEIXAR QUE A CULPA SE VÁ!
Culpa é
sentir-se mal porque nós fazemos algo que vai contra nossos valores – é uma
emoção primária humana. Todos nos sentimos culpados de vez em quando. Mas
algumas pessoas se sentem mais culpados, não necessariamente porque fizeram
coisas piores... A culpa é um fardo pesado. Culpa é diferente de
responsabilidade. O sentimento de culpa pode impedir o renascimento que o
período pascoal nos convida.
Por isso, é fundamental entender: De onde vem o meu
sentimento de culpa? Que tipo de culpa eu estou carregando?
Imagem retirada do site PixaBay. |
O artigo de Sally Kempton, em inglês, do Yoga Journal,
classifica o sentimento de culpa em três diferentes categorias:
1. CULPA NATURAL
Um sentimento de remorso sobre
alguma coisa que você fez ou que não conseguiu fazer. A culpa natural é
reparável. Não importa o que você tenha feito, é possível assumir a responsabilidade
por isso e reparar as pessoas envolvidas.
Se você já fez tudo que podia ser feito, e ainda se sente culpado, provavelmente,
pode ter se tornado uma culpa tóxica.
A autora do artigo no Yoga Journal
alerta que a culpa também pode ser usada como um instrumento de controle
familiar e social. Por exemplo, sua mãe
pode te levar a fazer coisas que você não quer ou que te prejudiquem manipulando
seu sentimento de culpa. Um exemplo de
culpa social, eu não sou vegetariana mas estava há vários dias sem comer carne,
entrei numa padaria e pedi uma esfirra de carne, nesse exato momento, surgiu um
colega instrutor de Yoga vegano, me senti super culpada por comer carne.
Segundo a autora, a cura para a culpa
natural é a autocompaixão. Ressalto que autocompaixão é amar a si para amar ao
próximo, como Jesus ensinou, e não tem nada a ver com autopiedade, que é sentir
pena exagerada de si mesmo. Kristin Neff
explica maravilhosamente bem o que é autocompaixão e como alcança-la na
conversa Superando as Objeções à Autocompaixão. É um vídeo de duração de
12:23 minutos com legenda em português. Por favor, assista com muito carinho. Kristin Neff é uma professora doutora (acredite ou não, essa mulher tem 50 anos!) da Universidade do Texas em Austin, que desenvolve pesquisas sobre o tema autocompaixão há décadas, se tornando uma referência na área.
2. CULPA TÓXICA
A culpa tóxica é uma percepção
subconsciente de não ser uma boa pessoa. Esse sentimento vem de padrões
prolongados de pensamentos, coisas que nós acreditamos desde criança, como, por
exemplo, “não posso ser rico”, e que estão escondidos no nosso subconscientes.
No Yoga, esses padrões são chamados de samskaras.
Para o Yoga, a prática diária das posturas ajuda a “dissolver” os samskaras que afetam e se imprimem no
nosso corpo. Com a prática diária de Yoga, é possível ter uma vida mais livre.
A culpa tóxica gera a seguinte
pergunta: Como nós podemos expiar um pecado e perdoar a nós mesmos
por algo que nós não sabemos o que fizemos de errado? Ou quando nós acreditamos
que o que fizemos é essencialmente irreparável?
Talvez esse sentimento tenha origens na nossa cultura
judaico-cristã e a crucificação de Cristo é o exemplo máximo de libertação
dessa culpa.
Imagem retirada do site PixaBay. |
Dentro do Yoga, as práticas mais
usadas para alívio dessa emoção são os cantos diários e as recitações de mantras,
o trabalho volutário (chamado de karma
yoga) e ofertas para os mais necessitados.
3. CULPA EXISTENCIAL
O sentimento negativo que surge
com a percepção das injustiças no mundo e com as dívidas não pagas com a vida.
Nós vivemos numa sociedade individualista, onde a gratidão não é valorizada,
mas nascemos colhendo os frutos de circunstâncias independentes da nossa
vontade ou mérito, por exemplo, herdamos características genéticas e até bens materiais,
nascemos em um país livre de guerras e dentro de um contexto econômico
favorecido (quando comparado à maioria da população planetária), fomos ajudados
por milhares de pessoas durante toda a nossa vida, algumas dessas pessoas nós
nem chegamos a conhecer, etc. Se nós não pagamos essa dívida com o Todo, nós
sofremos de culpa existencial.
COMO DEIXAR QUE A CULPA SE VÁ
Sally Kempton, a autora do artigo,
enfatiza que é fundamental a crença convicta de que somos boas pessoas, com uma
natureza divina essencial, somos Filho(a)s de Deus, temos uma natureza crística
(ou búdica) interior que é livre, perfeita, imaculada e eterna.
Havia dois templos budistas no Nepal.
Um templo enfatizava que os monges eram pecadores e precisavam esforçar muito
vencer sua natureza pecadora. O outro templo tinha uma abordagem positiva e
enfatizava que todos tinham uma natureza perfeita e maravilhosa, só precisavam encontra-la
e manifesta-la. Uma noite, um monge de cada templo fugiu e foi para cidade. Lá
eles foram para uma festa, se embebedaram e acabaram dormindo com prostitutas.
O monge do templo com um abordagem negativa acordou e pensou: “Olha o que eu
fiz! Sou mesmo muito mau e não mereço mais voltar!”. Ele continuou na cidade e,
em pouco tempo, se tornou o líder de um bando de criminosos. O monge do templo
com uma abordagem positiva acordou e pensou: “Isso não me deu tanto prazer como
eu achei que daria. Vou voltar.” Ao voltar para o templo, ele passou vários
dias enfrentando o remorso e a culpa, por fim, ele se tornou um grande monge
capaz de ajudar e orientar os jovens.
Este gesto é chamado Shiva Mudra no Yoga. Imagem retirada do site PixaBay. |
A moral a história é que a
abordagem positiva (a autocompaixão) nos leva a sermos melhores e construirmos
obras verdadeiras.
Boa Páscoa a todos(as)! Muito
obrigada por lerem e acompanharem o nosso trabalho. Por favor, fiquem à vontade
para deixar comentários, sugestões e críticas aqui ou na nossa página do Facebook.
Boa Semana! Boas Leituras!
Comentários
Postar um comentário