O Nome e o Sangue - História dos Primeiros Judeus no Brasil
Evaldo
Cabral de Mello é um historiador e diplomata brasileiro, irmão do poeta João
Cabral de Melo Neto. O principal foco de interesse das pesquisas de Evaldo é a
História da Dominação Holandesa e História dos Judeus no Brasil. Ele é
considerado um dos maiores especialistas no assunto.
Sefaradita é o termo para designar judeus originários de Portugal e da
Espanha. Eles provavelmente se estabeleceram nessa região durante o Império
Romano e lá viveram relativamente em paz até o século XV. Eles também são designados pelo nome marrano (pejorativo) e B’nei Anussim (hebraico).
Em
1495, ocorreu o casamento de Dom João II (rei de Portugal) com a princesa
Isabel de Espanha. Entre as clausulas do contrato de casamento, estava a total expulsão
dos judeus de Portugal. O rei tentou argumentar e defender os sefaraditas, mas
foi em vão. Dom João II acabou sendo forçado a assinar um decreto que exigia a
conversão ou o desterro dos judeus portugueses até o final do próximo ano,
1496. Muitos judeus se batizaram pro
forma e continuaram mantendo sua religião secretamente.
O
Brasil foi descoberto em 1500. Assim como outras colônias portuguesas,
tornou-se uma rota de fuga para os judeus portugueses. O livro História
dos Portugueses no Malabar descreve uma comunidade grande de judeus
portugueses até na Índia nesse mesmo período. Praticamente todos os portugueses que chegaram nos primeiros anos do Descobrimento
eram judeus. Alguns deles mantiveram sua religião e sua cultura.
Entre eles, destaca-se a lendária Branca Dias, senhora de
engenho do Pernambuco (1515-1558). Além de ser uma das primeiras senhoras de
engenho, ela perseguida pela Inquisição por se recusar a se converter ao
Cristianismo. Ela foi casada
e teve onze filhos biológicos e uma adotiva. Esses meninos deram origem a quase
toda população portuguesa do Estado
de Pernambuco. Essa ancestral famosa causou grandes transtornos para seus
descendentes séculos depois. Por quê? O livro O Nome e o Sangue de Evaldo Cabral de Mello explica.
Entre 1624 a 1661, a Holanda
invadiu e controlou vários estados nordestinos. Para garantir o apoio da
população local, os invasores ofereceram liberdade de culto. Inclusive vieram mais judeus sefaraditas
(refugiados na Holanda) residir no Brasil. Os
colonos ficaram divididos entre judeus (pró invasão holandesa) e cristãos (pró
domínio português). Quando Portugal
retoma o controle do Nordeste, a situação fica bem difícil para os judeus.
Alguns se refugiam na Holanda, outros foram para os EUA e formam a primeira colônia
judaica em Nova Iorque e o centro financeiro de Manhattan. E alguns ficam no
Brasil, apesar de tudo.
Muitos dos que ficaram se tornaram ricos.
Seus descendentes começaram a desejar fazer parte da nobreza portuguesa. Mas
para se tornar nobre, além de ser rico, era necessário comprovar que não era
descendente de judeus por nenhum dos quatro avós. Absolutamente ninguém em
Pernambuco podia comprovar isso. Aí começaram as falcatruas e as falsificações
de documentos. O livro O Nome e o Sangue
é uma pesquisa detalhada sobre como isso era feito.
Vale
muito a pena ler esse livro. Evaldo Cabral de Mello é uma leitura obrigatória
para todos que se interessam por História do Brasil e querem saber mais do que a versão oficial.
Boa leitura!
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