Louise e Alexandra : Elas viajaram SOZINHAS
Na última semana, foi muito
comentado nas mídias sociais o
assassinato de duas jovens. Elas eram turistas argentinas no Equador. E
foram brutalmente assassinadas por terem se negado a fazer sexo com seus
algozes. No entanto, o que gerou polêmica foi a impressa noticiar que elas
viajavam sozinhas. Se elas estavam em
duas, como podiam estar sozinhas? Faltava o quê? Ainda que elas estivessem de
fato viajando sozinhas, isso é justificativa para um crime tão bárbaro?
Pensando nisso e em homenagem ao
Dia Internacional da Mulher, selecionei dois livros de mulheres destemidas que,
de fato, viajaram SOZINHAS.
1. Amazônia, A Viagem Quase Impossível de Louise Sutherland (1978)
Título original, I follow de wind, Eu sigo o vento. Louise Sutherland foi uma enfermeira neozelandesa
apaixonada por ciclismo.
Um dos meus livros favoritos. Não dou, não vendo, não empresto. |
Desde jovem, começou a pedalar
longas distâncias. Em 1978, durante a Ditadura Militar, ela leu notícias sobre
a inauguração da rodovia Transamazônica e resolveu percorrê-la de bicicleta,
sem apoio técnico, sem financiamento e sem falar português. É uma rota de 4.223
km.
Essa façanha só foi repetida pelo
ciclista inglês Freddie
Flintoff em 2014. Ou seja, a viagem SOZINHA de Louise Sutherland permaneceu
insuperável por 38 anos.
Louise era uma personalidade única.
Em seu livro, ela conta seu contato com a população ribeirinha e o esforço e o
carinho de todos eles para ajudá-la em sua viagem. Grata por tamanho acolhimento,
após a viagem, ela vai a Europa e busca fundos para proporcionar tratamento
médico àquelas populações. Ela nunca ganhou um centavo por seu livro. Tudo foi
revertido para os ribeirinhos.
2.
Viagem ao Tibete de Alexandra
David-Néel (1912)
Livro de Alexandra sobre sua jornada. |
Alexandra David-Néel começou a se
interessar por estudos orientais na faculdade. Ela foi a primeira pessoa a se
converter ao budismo na Europa. Em busca
de mais conhecimento, ela parte para o Tibete em 1912 para encontrar o Dalai
Lama.
Em 1911, ocorreu a Revolução
Chinesa. Ou seja, Alexandra cruzou a China a pé num dos momentos mais
conturbados a História daquele País. Ela foi a primeira pessoa estrangeira a
visitar a cidade sagrada de Lhassa. Ela foi a pé SOZINHA da Índia ao Tibete.
Essa viagem durou 4 anos, em meio a várias turbulências políticas e atos de
violência.
O filme francês J’irai au Pays des Neiges (Eu vou ao País das Neves), narra essa viagem. Vale muito a pena
assisti-lo.
Fatos curiosos sobre Alexandra é
que ela era casada. Ela se casou aos 36 anos, com um primo que ela amava desde
os 15. Embora ela sempre viajasse SOZINHA, devido ao número de correspondências
trocadas, tudo indica que eles foram um casal muito feliz. O marido a
incentivava a realizar todo o seu potencial. Algumas pessoas acreditam até que
ele fosse o financiador dessas viagens (fato não comprovado, pois Alexandra
também era muito rica).
Filme francês sobre a viagem de Alexandra. |
Outra curiosidade é que ela adotou
uma criança no Tibete. Esse menino viveu cerca de oitenta anos e morreu antes
de Alexandra, que viveu mais de 100. Com 102 anos, Alexandra renovou o
passaporte e foi para Rússia. Diga-se de passagem, SOZINHA.
Por favor, fiquem à vontade para
deixar seus comentários. Caso alguém tenha alguma recomendação de livros de .mulheres com viagens audaciosas, por favor, deixe sua recomendação.
Até
nosso próximo encontro!
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