Diários de Guerra, Muito Além de Anne Frank!
Na maioria das escolas, nós somos apresentados
e, muitas vezes, obrigados a ler o livro Diário
de Anne Frank. Não desmerecendo o mérito dessa leitura, o problema é que,
como não nos apresentam nenhum outro livro com a mesma temática, muitas pessoas
saem da escola achando que este é o único diário de guerra que existe ou que
ele é a melhor referência.
Na verdade, existem alguns milhares de obras assim. O Diário de Anne Frank , na verdade, é
um livro infantilizado, que sofreu cortes para se adequar aos padrões morais da época e, por isso, é dado nas escolas.
Existem muitos outros diários com maior valor histórico, psicológico e até espiritual.
A maioria ainda não foi traduzida para
o português. Mas, entre os que foram, destacam-se Etty Hillesum: Uma Vida Interrompida da jovem judia Etty Hillesum,
que viveu na Holanda e vai encontrando sua paz espiritual e tranquilidade
quanto mais a perseguição aumenta; e Em
Busca de um Sentido do psiquiatra judeu Viktor Frankel, que foi mandado
para um campo de concentração. Esse livro não é exatamente um diário, mas, sim,
um livro de memórias baseado nas suas anotações pessoais. Viktor Frankel, ao
contrário da maioria dos outros autores, sobreviveu. Essa experiência fez com
que ele criasse uma nova linha de psicanálise e questionasse tudo que Medicina
da época acreditava sobre o funcionamento da mente humana. Esses dois livros
serão tema de discussão em outros posts.
Como pesquisas relacionadas,
o Google nos apresenta outras pessoas que sofreram perseguições e relataram
suas experiências em livros. Entre eles, Julius Spier (psicanalista), Simone
Weil (filósofa contemporânea de Simone de Beauvoir), Edith Stein (que, apesar
de ser de origem judaica, convertera-se ao catolicismo e, recentemente, foi
canonizada como o nome de Santa Teresa Benedita da Cruz), Mischa Hillesum
(pianista, irmão mais novo da Etty Hillesum) e Primo Levi (sua obra sobre o
Holocausto “É isso um homem?” foi traduzida para o português).
Que este post contribua para trazer mais referências, além do óbvio, O Diário de Anne Frank. Uma mesma
história pode ser percebida de várias formas por várias pessoas diferentes.
Ainda mais quando é uma história polêmica, dolorosa e que envolve vários
interesses, como a Segunda Guerra.
Por favor, fiquem à vontade para
passar dicas e referências também.
Até nosso próximo encontro!Bom fim de semana a todos!
Isotilia, em Junho último visitei Dachau, e a energia do local nos faz ter uma pálida ideia do que ocorreu lá e em outros campos de concentração. Impressionante. Vou seguir essas suas dicas de leitura.
ResponderExcluirAcabei de ler "Holocausto Brasileiro" da jornalista investigativa, Daniela Arbex. Apesar de ser um livro que poderia ter mais cuidados em sua edição final, ele nos impacta bastante, pois eu desconhecia totalmente a existência de um campo de concentração em Minas Gerais, que resistiu por todo o seculo XX, sem que quase ninguém se questionasse a respeito. Histórias absurdas, cruéis, vidas interrompidas e violentadas. Um crime pavoroso. Pelo menos nesse aspecto, o Brasil se ombreia com a Alemanha...
ResponderExcluirOi, Valter. Estou muito interessada em ler "Holocausto Brasileiro". Eu o lerei. Mas preciso estar mentalmente preparada.
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