RADUAN NASSAR E A UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR)
O
autor
Raduan
Nassar é um escritor brasileiro nascido em Pindorama, pequeno município do
Estado de São Paulo, em 1935, descendente de uma família libanesa. Em 2016, ele
foi agraciado com o Prêmio Camões, o maior prêmio da Língua Portuguesa.
Raduan
Nassar é formado em Direito e Filosofia pela USP. Com a morte do pai, em 1960,
Raduan largou os negócios da família, foi visitar parentes no Canadá e tentou
emigrar para os EUA, onde permaneceu por apenas dois meses. Em 1963, ele viajou
para Alemanha para aprender alemão e ficou sabendo do Golpe de 1964 lá. Mesmo
assim, ele voltou para o Brasil e decidiu não aceitar um cargo na UNESP de Rio
Preto. Daí por diante, ele exerceu inúmeras atividades. Apesar de não ser
religioso, ele se dedicou à leitura do Novo Testamento, do Velho Testamento e
do Alcorão por muitos anos.
Em
1975, com a ajuda financeira do autor, foi publicado seu primeiro romance, Lavoura Arcaica. Hoje traduzido para o inglês,
francês, espanhol e alemão. Em 1978, publicou seu segundo romance, Um Copo de Cólera (escrito em 1970). Em
1994, Raduan Nassar publicou Menina a
Caminho, uma coletânea de contos já publicados em outros meios. E essa é
toda a bibliografia do autor. Ele só publicou três livros na vida e ganhou o
Prêmio Camões. E a edição que eu li de Um
Copo de Cólera tem 64 páginas (Tempo de Leitura: 1 hora e 23 minutos).
Portanto, ele é um autor muito eficiente na sua comunicação e na mensagem que
ele quer passar. Essa característica lembra o Nobel Isaac Bashevis Singer. Talvez, essa seja uma característica de autores falantes de línguas semíticas (árabe, no caso de Raduan, e hebraico, no caso de Isaac).
Raduan
Nassar é um escritor extremamente recluso. Não tendo herdeiros nem familiares,
ele doou sua propriedade rural para Universidade Federal de São Carlos em 2011.
Hoje essa propriedade é o Campus Lagoa do Sino. O escritor foi viver em um
retiro de idosos. [1]
Em rara aparição pública, o autor defendeu o governo Dilma durante o processo
de impeachment. [2]
A
Obra
Um
copo de cólera é um romance psicológico. A trama em si é muito simples. É um
homem de meia idade que tem uma amante jovem, ela vai encontrá-lo em sua
propriedade rural, após uma noite de amor, os dois discutem por um motivo
fútil. O homem se irrita com as saúvas na cerca viva e a mulher está
conversando com uma empregada da propriedade, quando ele retorna à casa. Mas o
estilo de Raduan é muito profundo e marcante, lembra muito Clarice Lispector e
Guimarães Rosa. O protagonista diz verdades profundas junto à besteiras e
termos de baixo calão num fluxo contínuo de fala. É preciso lembra que a obra
foi escrita em 1970, durante o regime militar. Ela retrata a futilidade da sociedade
(de classes) da época, seus conflitos e suas incoerências. É possível fazer uma
leitura de que o homem representa a “direita” e a mulher, “a esquerda”.
O
livro foi transformado em filme em 1999.
Nos
dias de hoje, qual a solução para o casal de Um copo de cólera?
É
um pouco estranho ler sobre um casal de classe média alta tendo uma vida inútil
e uma discussão mais insignificante ainda, quando a tanto para se viver na
vida. Raduan Nassar pode ser um grande escritor, mas, nos dias de hoje, a
recomendação é viajar. Casais que viajam juntos, são mais felizes. [3] Exemplo
disso é o casal brasileiro Leonardo e Rachel Spencer, que escreveram Viajo,
Logo Existo - Um Ano na Estrada. Esse livro fala sobre a experiência de viajar pelo continente
americano, mas há outros, sobre os continentes europeu e africano. Se você quer
saber quais são os melhores livros escritos por viajantes brasileiros, leia a
referência no fim do texto. [4]
Para
emocionar corações, segue o clipe do cantor irlandês Mick Flannery, I’m on your side (Estou ao seu lado).
Prometemos
continuar a crítica do livro Chutando a
Escada. E, de fato, publicaremos nos próximos dias. Foi preciso alternar a
leitura de algo pesado, com algo mais leve.
Muito
obrigada por acompanhar o nosso trabalho!
Boa
semana! Boas Leituras!
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