AUTOBIOGRAFIA DE UM IOGUE – PARAMAHANSA YOGANANDA
Há
muito tempo, eu fazia parte de uma comunidade virtual e internacional de
leitores (GoodReads). Como eu marquei
como lido o livro A Luz da Yoga de B.
K. S. Iyengar, o site sempre me recomendava Autobiografia
de um Iogue. Naquela época, acho que nem existia tradução para o português.
Confesso que o livro não me interessou muito, mas fiquei intrigada com o rosto
na capa.
Ano
passado, dentro de poucos meses, uma pessoa me recomendou a leitura e outra me emprestou
(uma terceira edição em português de 2009) e me “pressionou” a lê-lo. O livro
tem 500 páginas. Por isso, antes de ter certeza que eu ia terminar a leitura,
assisti ao filme Awake – A Vida de Yogananda (disponível no Netflix). O filme
trata principalmente da vida do monge Yogananda nos EUA, os obstáculos que ele
enfrentou e uma breve descrição da sua viagem de visita de volta ao Oriente,
explorando sua relação de amizade com Mahatma Ghandi (o indiano mais conhecido
por nós).
Fiquei
“fisgada” pelo filme e investi na leitura. Para minha surpresa, ele só vai para os EUA na
página 355 (do total de 500 do livro). Portanto, boa parte do livro é dedicada
a descrever a sua vida familiar, a vocação sacerdotal, sua relação com seu
guru, paralelos da pregação da Verdade em todas religiões (Yogananda estudou
muito a Bíblia e outros Textos Sagrados), a Índia e sua rica cultura e
História. Segundo o filme, este era o
único livro que Steve Jobs tinha em seu iPad. Mesmo para um leitor
descrente, a leitura (muito agradável) permite ampliar os horizontes e conhecer
melhor a cultura indiana. Para surpresa geral, por exemplo, os hindus não são
politeístas. Eles acreditam num Único Deus que pode se manifestar de várias
formas.
O
livro não menciona nada (diretamente) sobre as dificuldades encontradas nos EUA
e somente um capítulo é dedicado a Mahatma Ghandi. Yogananda fundou uma rede de
escolas na Índia, assim como o Nobel de Literatura indiano, Rabindranath
Tagore. Ambos se conheciam e trocaram opiniões sobre o melhor método
educacional para juventude. Yogananda menciona alguns “santos” ocidentais, que
ele teve o prazer de conhecer, entre eles, o norte-americano Luther Burbank (a quem
Yogananda dedica seu livro) e a alemã católica estigmata Terese Neumann, de
quem incrivelmente não consta nada na Wikipédia em português (católicos
brasileiros, por favor, atualizem). “Se não virdes
milagres e prodígios, não crereis.” (João 4:48).
Algumas
passagens marcantes:
“Ele satisfaz também qualquer desejo sincero do devoto. São raras
as vezes em que os homens se dão conta da frequência com que Deus responde as
suas preces. Ele não tem predileção especial por alguns poucos; ouve todos os
que Dele se aproximam com confiança. Seus filhos deveriam sempre ter irrestrita
fé na bondade amorosa do Pai Onipresente.”
Na
nota de rodapé, o autor acrescenta:
“Pois não ouvirá quem fez o ouvido? O que formou o olho não verá?
Aquele que deu ao homem o conhecimento não saberá? ...”
(Salmos 94:9-10).
“Grandes profetas como Cristo e Krishna descem à Terra com um
propósito específico e grandioso e partem logo após tê-lo cumprido.”
“A renúncia, a negação das paixões inferiores, sincroniza-se com a
aceitação, a comprovação de felicidade.”
Uma
parte que me tocou, mas não posso transcrevê-la explica, porque a Índia, mesmo
depois de sofrer tantas invasões, permanece com seu povo e sua cultura,
enquanto outros povos foram completamente destruídos (caldeus, egípcios,
assírios, babilônios, etc.). Yogananda traça um paralelo com as perguntas de
Abrahão para o anjo antes da destruição de Sodoma e Gomorra (Gêneses 18:
23-33).
No
caso, eu interpretei que Sodoma pode ser entendido como Brasil nos dias de
hoje. Que a permanência do nosso País e da nossa cultura depende do nosso
propósito interior de ser (permanecer) justo sempre.
Outro
fato que me incentivou a ler o livro foi um depoimento do escritor alemão
(Nobel), Thomas Mann. Thomas Mann era casado com uma mulher judia e foi
obrigado a morar na Califórnia em 1945, mesma época que Yogananda pregava
intensamente na região. O Governo alemão acaba de comprar a casa de Thomas Mann
na Califórnia para transformá-la num centro cultural (leia reportagem aqui).
Thomas Mann leio Autobiografia de um
Iogue e escreveu o seguinte depoimento:
“Este renovado contato com o universo dos iogues, sua disciplina
espiritual e sua superioridade mental sobre a realidade material, foi bastante
esclarecedor. Sou-lhe grato por revelar-me algo a respeito dessa fascinante
esfera de conhecimento.”
Sendo
assim, Autobiografia de um Iogue é uma leitura mais do que recomendada!
Se
você gostou, por favor, deixe um comentário, compartilhe e curta nossa página
no Facebook.
Muito obrigada!
gostei bastante dos comentários. vou ver o filme e ler o livro!!
ResponderExcluir