Golda - Elinor Burkett
A biografia de Golda Meir é o
melhor livro que li em 2016 (até agora). Ele não é imparcial. Nota-se
claramente que a autora, assim como eu, também tem um fascínio por Golda e sua
história de vida. A senhora Meir foi a primeira mulher a liderar uma nação
ocidental moderna. Na década de 60, foi primeira-ministra de Israel, Estado que
ajudara a construir.
Golda Meir nasceu na Rússia, filha
do meio de uma casa de três irmãs, numa família judia pobre. Seu pai era marceneiro e sua mãe era dona de casa. Quando
era criança, seus pais emigraram para os EUA. Lá sua mãe insistiu para
que ela se casasse e deixasse de estudar. Mas ela fugiu de casa, foi morar com a
irmã e começou a fazer magistério. A irmã mais velha era um ídolo para Golda. As ideias socialistas e revolucionárias da mana a influenciaram por toda vida.
Na casa da irmã, Golda conheceu o
jovem intelectual Morrison, com quem se casou e, afinal, teve dois filhos.
Fascinada pela ideia de construir um Estado judaico, uma nação socialista,
Golda convenceu o marido a se mudarem para Israel, então sob o controle do
Império Britânico. Lá trabalharam num kibutz, onde tinham que dar
muito duro, pois tudo estava em construção e eles tinham que provar para o
resto do grupo que não eram americanos mimados e frescos.
Golda tinha o dom da palavra. E,
como os demais membros do kibutz preferiam
trabalhar na lavoura, Golda era sempre designada para representa-los nas
reuniões de comitê. Entre um percalço e outro, afastamento do marido até o
divórcio, Golda foi mergulhando mais e mais na vida política. Ela foi uma mãe e
uma esposa ausente, completamente absorvida por seus ideais socialistas e
ambição política.
Golda era uma boa arrecadadora de
fundos para a fundação do Estado de Israel. Viajava constantemente aos EUA para
dar palestras.
Um fato relevante na vida de Golda
é que ela realmente não era racista. Quando uma senhora norte-americana
perguntou, com desprezo, o que ela achava de judias que casavam com negros,
Golda mostrou uma foto do seu genro, judeu etíope, e não escondeu sua irritação
com a pergunta. Enquanto ocupava cargos inferiores no partido, Golda
desenvolveu vários projetos sociais com países africanos. Além das questões
políticas, parece que ela realmente gostava da cultura africana e se sentia
acolhida pelos povos desses países.
Aparentemente ela nunca foi cotada
para ser primeira-ministra, mas, numa crise interna do partido, ela foi o nome
que sobrou. Já idosa, Golda surpreendeu a todos com sua disposição e
capacidade. Ela foi governante durante a Guerra do Yom Kippur.
Embora eu tenha
ouvido muitas referências sobre essa guerra, só depois dessa leitura eu percebi
quão dramática foi a questão. Ao ponto de Golda pedir para sua secretária e
melhor amiga comprar veneno, caso os egípcios chegassem a Jerusalém deviam toma-lo
e não deixar os árabes pegá-las vivas. O Ministro de Defesa entrou em pânico
com a pressão e o estresse. Golda teve que assumir o controle da situação
sozinha.
Mesmo vencendo a guerra, número de
mortos foi um choque para opinião pública. Isso abalou a imagem política de
Golda. Ela insistiu em ser leal e proteger membros do partido. Como já estava
bem idosa e com câncer (fato que ela mantinha em segredo), tudo acabou
levando-a à renúncia.
Ela morreu no dia que seus maiores
inimigos políticos ganharam o Prêmio Nobel da Paz. O que eu aprendi lendo esse
livro é que qualquer idiota ganha o Nobel da Paz. Durante a leitura, vários outros
imbecis ganham o mesmo prêmio.
Golda tinha criatividade e sabia
construir frases de efeito. Também me surpreendi ao
ver as fotos dela no livro. Em quase todas, Golda está rindo ou fazendo uma
piada. Ela era uma articuladora política leal que também sabia brincar e se
divertir.
Para terminar, seguem algumas frases
marcantes da Velha Golda:
Pessimismo é um luxo que o judeu nunca deve se permitir.
Quem não chora de coração, não ri com vontade.
Se os líderes políticos ao menos se permitissem sentir tanto
quanto pensar, o mundo seria um lugar mais feliz.
É mais fácil fazer uma revolução do que conservar os valores
pelos quais ela foi feita.
A autoridade envenena aquele que a exerce.
Boa
sexta-feira! Boas leituras!
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