Os Miseráveis - Victor Hugo
Os
Miseráveis, provavelmente a
obra mais famosa de Victor Hugo, já foi transformada em musical da Broadway e
em filme (2012). Enquanto o lia, muitas pessoas pararam para dizer que amavam
esse livro e foi um bom motivo par conversar e fazer novas amizades.
Até
aí, ótimo... O único problema é que eu detestei o livro e a estória. De toda
minha alma. Por isso, vou começar pelos lados positivos e pelas características
que podem ser a causa do sucesso extraordinário do livro.
O
livro é rico em descrições históricas de fatos relevantes da História da
França. Descrições excelentes. Entre as melhores está a da Batalha deWaterloo e a revolta em Paris. Além disso, é possível entender como eram as
relações sociais na França do século XIX. Por exemplo, o protagonista pede autorização ao
avô para se casar, o velho querendo insultar manda que ele tome a moça como
amante. Isso remonta um livro erótico francês, Teresa, filósofa, que trataremos nos próximos posts.
Tive uns momentos de nostalgia de Paris lendo o livro. Porque conhecia quase
todos os endereços citados no livro, principalmente os marginais. Fiquei impressionada, porque os lugares
citados como guetos e locais de encontro de bandidos continuam assim até hoje.
Parecia uma descrição da semana passada, como se os lugares tivessem um "destino
eterno" de serem daquele jeito.
Dito
os pontos “positivos”, passemos para os pontos que, penso, são as causas
do sucesso do livro. A estória tem poucos personagens (bem rasos), que voltam a se encontrar em situações muito inusitadas, quando eles
menos esperam, num período de décadas, como se seus destinos estivessem
pré-determinados (assim como os guetos de Paris).
Muitos
leitores brasileiros são espíritas ou, pelo menos, tiveram uma formação espírita na juventude. Eles sentem um tipo de atração por estórias de carma (no conceito mais simples) e de ligação entre
pessoas. O livro vem ao encontro do que eles querem acreditar e reforça
suas crenças. Algumas pessoas já me disseram que existem também livros
espíritas, nos quais o autor assina como Victor Hugo (seja um espírito ou não).
Além
de ser uma história com personagens rasos e estereotipados, os bons vencem e os
maus são punidos no fim (outra ideia reforçada pela Crença no Mundo Justo de
algumas religiões. Desculpe, esse conceito é importantíssimo, mas, por enquanto, só há link para wikipedia em inglês). E vencer aqui significa ficar rico, sem oferecer nada à
sociedade sendo servido por um monte de criados. Bem ao estilo da mentalidade
da época, quase uma novela da Globo.
Com
todo o respeito aos que gostam da obra, acho-a válida para estimular a leitura
de crianças e adolescentes ou simplesmente para passar o tempo, caso
você precise esperar em algum lugar. Mas é um livro que qualquer pessoa pode
morrer sem ler.
Nos
próximos posts trataremos de mais livros da Literatura Francesa.
Boa leitura a todos!
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