Amanhã, dê um livro de presente!

 Amanhã é 12 de outubro, Dia das Crianças no Brasil. Pensando na importância de se incentivar a leitura desde cedo, tentei relembrar como comecei a ler e quem mais me incentivou.

 Morávamos num sítio até meus 12 anos de idade. Nós tínhamos uma vizinha extraordinária, dona Helena. Ela era uma senhora negra de uns 60 anos, que só teve a oportunidade de ser alfabetizada e nunca frequentou a escola. Dona Helena lia muito, ela amava Machado de Assis. Ela foi a primeira pessoa a me contar que Machado era negro, numa época em que eu não tinha a menor ideia do que a palavra racismo significava.

O livro que mais marcou minha infância.
 Dona Helena me deu o livro favorito de sua infância: O Burrinho que Queria ser Gente do escritor brasileiro Herberto Sales, imortal da Academia Brasileira de Letras. Este livro foi o primeiro livro que li sozinha, sem ninguém me ajudar ou ler para mim. Ele me marcou muito. Até hoje me lembro da estória e do amor de dona Helena (que já partiu para o outro mundo) com saudades. Onde quer que sua alma esteja, este post é em dedicado (e em gratidão) à dona Helena.

 Além disso, meus pais sempre compravam revistas em quadrinho (Turma da Mônica) para mim. E eu tinha uma prima mais velha que estudava num colégio particular. A escola exigia que ela comprasse alguns livros durante todo o ano letivo. Em dezembro, ela me dava todos e meus pais liam para mim. Meu Natal era literariamente gordo. Isso me forçava a ler temas direcionados para crianças um pouco mais velhas que eu.

 Entre esses livros, destacam-se:

 1. Pimbinha do Pedro Bloch, que eu amava. Talvez descobrir que o autor era judeu me fez descobrir o que era o judaísmo e simpatizar pelos judeus desde a infância.  Criei a nítida imagem do doutor Pedro Bloch (que além de escritor, era pediatra) como um médico bonzinho que entendia e cuidava das crianças. Meio que um Papai Noel judeu. Risos. Moral da história: ler te liberta de preconceitos.

 2. Amor inteiro para meio irmão da Cristina Agostinho, como eu sou filha única de pai e mãe, essa leitura não me afetou tanto. Mas, hoje, acho legal um colégio católico pedir para as crianças lerem um livro que incentiva o amor e o respeito para formas de família não tradicionais. Era revolucionário para época. Aquelas irmãs eram vanguardistas;

 3. O Menino do Dedo Verde de Maurice Druon. Eu amava esse livro e sempre chorava no final. Ele é uma apologia ao pacifismo e a não violência.
Na fase adulta, li uma coleção de seis livros do mesmo autor, chamada Os Reis Malditos. Simplesmente amei. Lógico que isso é assunto para outro post, mas quero ressaltar aqui que talvez eu nunca tivesse lido essa coleção, e aproveitado tanto, se não fosse minha experiência de ler O Menino do Dedo Verde na infância. Moral da história: leitura na infância também te faz defensor da paz e te incentiva outras leituras;

 4. Zezinho, o Dono da Porquinha Preta de Jair Vitória. Este livro pertencia à Coleção Vagalume, que marcou a infância e adolescência de muita gente. Amava essa história, porque tinha muito a ver com meu cotidiano de fazenda.

 Espero que este relato incentive a dar livros de presente para uma criança e/ou ler um livro para ela. Por favor, compartilhem também os livros que marcaram sua infância. Bom feriado!


Feliz Dia das Crianças! 


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