Residência na Terra II de Pablo Neruda
Residência na Terra II
é o segundo volume de uma trilogia poética. Li o primeiro volume, Residência na Terra I , em 2014 e pretendo ler o último, Terceira Residência, em 2016.
A obra é de autoria do poeta chileno Pablo Neruda, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura.
Curiosidade: Pablo Neruda, na verdade, é o pseudônimo de Ricardo Neftai Reyes Basoalto. Ele era fã do poeta tcheco Jan Neruda e, por isso, adotou o seu sobrenome no pseudônimo.
Curiosidade: Pablo Neruda, na verdade, é o pseudônimo de Ricardo Neftai Reyes Basoalto. Ele era fã do poeta tcheco Jan Neruda e, por isso, adotou o seu sobrenome no pseudônimo.
Esta trilogia tem um estilo surrealista radical muito revolucionário para a época (década de 30). A edição é bilíngue e a tradução é feita pelo poeta brasileiro Paulo Mendes Campos.
Devido ao seu simbolismo e metáfora, essa obra é recomendada pela autora de Mulheres que Correm com Lobos.
Devido ao seu simbolismo e metáfora, essa obra é recomendada pela autora de Mulheres que Correm com Lobos.
Apesar deste não ser o estilo literário que mais leio, confesso que gostei muito de Residência na Terra II.
O livro é divido em seis partes. O autor alterna entre poemas escritos com letra normal e poemas escritos em itálico.
Um dos textos é dedicado ao poeta espanhol Federico García Lorca, considerado uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola. Outro poema é dedicado a um amigo do autor e tem o título inusitado: Alberto Rojas Jimenéz vem voando. A leitura de ambos é enriquecedora.
Seguem algumas passagens que chamaram minha atenção:
Um dia sobressai
números moribundos e cifras com esterco
raios umedecidos e relâmpagos sujos
Do sonoro, crescendo, quando
a noite sai sozinha, como recente viúva,
como pomba ou papoula ou beijo,
e suas maravilhosas estrelas se dilatam.(...)"
Água Sexual
Rolando em grandes gotas solitárias,
em gotas como dentes,
em espessas gotas de marmelada e sangue,
rolando em grandes gotas,
cai a água,
como um dilacerante rio de vidro,
uma espada em gotas,
cai mordendo,
golpeando o eixo da simetria, agarrando-se às costuras da alma,
rompendo coisas abandonadas, empapando o escuro.
É somente um sopro, mais úmido que o pranto,
um líquido, um suor, um azeite sem nome,
um movimento agudo,
fazendo-se, espessando-se,
cai a água,
em grandes gotas lentas,
para o seu mar, para o seu seco oceano,
para sua onda sem água.
Vejo verão extenso, e um estertor saindo dum celeiro,
adegas, cigarras,
povoações, estímulos,
quartos, meninas
dormindo com as mãos no coração,
sonhando com bandidos, com incêndios,
vejo navios,
vejo árvores de medula,
eriçadas como gatos raivosos,
vejo sangue, punhais e meias de mulher,
e cabelos de homem,
vejo camas, vejo corredores onde grita uma virgem,
vejo cobertores e órgãos e hotéis. (...)
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Nos próximos post falaremos sobre O Livro da Economia, o livro O Fuzil de Caça do autor japonês Yasushi Inoue, recém traduzido para o português e mais uma entrevista com a livreira e bibliófila de Recife, Amanda Pacífico.
Até sexta!
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